5G e cirurgia robótica: como a rede potencializa a abordagem

Chegada da rede deve ampliar a atuação da cirurgia robótica, garantindo mais precisão para os procedimentos e possibilitando operações remotas

A chegada da rede 5G no Brasil trouxe um cenário favorável para diversos setores, inclusive para a área da saúde. A quinta geração de redes móveis, que pode ser até 100 vezes mais veloz que a sua antecessora 4G, abre possibilidades para inovações na gestão de saúde, no atendimento a pacientes e nos procedimentos, como é o caso da cirurgia robótica.

O que é Cirurgia Robótica

A cirurgia robótica é uma técnica de operação realizada com o uso de robôs. A técnica, que chegou ao Brasil há 15 anos, é minimamente invasiva e faz uso da tecnologia para que o cirurgião conduza manobras e execute os movimentos por meio de controles que garantem um elevado nível de segurança e precisão.

A cirurgia robótica, que é tema da primeira pós-graduação médica da Escola de Saúde La Salle Santa Casa, tem ganhado cada vez mais espaço na medicina, pois possibilita a visão ampliada em terceira dimensão durante o procedimento, movimentos mais precisos e delicados, além da avaliação em tempo real da vascularização dos tecidos, como explica o médico André Bigolin, coordenador do curso e do Programa de Cirurgia Robótica da Santa Casa. “Com estes recursos, conseguimos realizar os procedimentos em locais de difícil acesso com outras técnicas, com menor risco de sangramento, menos dor e menor tempo de recuperação”. 

Segundo Bigolin, a segurança é um dos pontos altos da abordagem.  “No serviço de cirurgia robótica da Santa Casa, construímos diversos protocolos de segurança para que a cirurgia robótica seja um procedimento seguro. Nenhum profissional pode atuar na cirurgia robótica sem estar totalmente treinado. No nosso centro de formação, os médicos recebem treinamento intensivo antes de utilizar o robô. Além disso, a própria tecnologia possui sistemas de segurança com alta precisão, tornando erros muito improváveis e, aqueles que podem vir a acontecer, são facilmente resolvidos com a técnica adequada”, explica.

Benefícios do 5G para a cirurgia robótica

A nova versão da rede, que chegou às capitais brasileiras em 2022, traz muitas vantagens para o contexto da cirurgia robótica. A baixa latência da rede (tempo que uma mensagem leva para chegar ao destino e retornar à máquina de origem) e o alto grau de confiabilidade e estabilidade permitem uma operação muito mais segura, tanto para médicos como para pacientes.

“O 5G é a porta para o próximo passo na evolução da cirurgia robótica.”

Bigolin, que também coordena a pós-graduação médica em Cirurgia Robótica da Escola de Saúde, acredita que o 5G é a porta para o próximo passo na evolução da cirurgia robótica. “O robô funciona como uma interface digital entre médico e paciente. Imagine o seu celular sem internet. Continua sendo um aparelho analógico interessante e de muita serventia mas com certeza não oferece 1/10 do potencial atingido com a conexão à web e seus aplicativos. Esse é o tamanho do salto que o 5G pode oferecer à cirurgia robótica ao conectar um grande banco de dados com aquilo que acontece em tempo real durante uma cirurgia. Temos evidência que isso pode vir a complicações, abreviar ainda mais a internação hospitalar e reduzir gastos com saúde”, argumenta.

O cirurgião explica que, com a agilidade da rede, a troca de dados sem delay garante maior precisão para os médicos. “A saúde é instantânea. Para ter dados auxiliando na tomada de decisões, não posso ter tempo de espera”.

Outra possibilidade que tem animado os médicos da área é a possibilidade de expandir os atendimentos de cirurgia robótica para a modalidade remota, área que deve crescer exponencialmente. O 5G garante a estrutura necessária para que os procedimentos possam ser realizados por meio da atuação virtual do médico, como se estivesse ao lado do paciente. “Poderemos fazer cirurgias em outros lugares. Interferir na cirurgia de outro médico no outro lado do mundo ou no interior do Estado ou até ajudar um colega que está tendo dificuldade”, ressalta Bigolin.

Oportunidade para cirurgiões que querem estar na vanguarda

Bigolin acredita que os próximos avanços na área da cirurgia acontecerão dentro da robótica e “ficar de fora é abrir mão de participar dessa evolução”. Segundo o médico, a aceitação da técnica entre a comunidade médica tem crescido à medida que o acesso ao treinamento e capacitação vem se ampliando. 

Hoje, com o centro de treinamento da Santa Casa, que já capacitou mais de 120 médicos em Cirurgia Robótica, e com a nova pós-graduação médica em Cirurgia Robótica com ênfase em Cirurgia do Aparelho Digestivo na Escola de Saúde, o acesso à técnica impacta tanto a comunidade médica, que pode se especializar, quanto os pacientes, que podem se beneficiar do avanço da tecnologia para realizar procedimentos menos invasivos e mais seguros.

Sobre a Escola de Saúde La Salle Santa Casa

A pandemia do coronavírus promoveu uma grande transformação social e evidenciou a vulnerabilidade humana e a essencialidade dos profissionais que se dedicam à saúde. Foi neste período, em 2020, que surgiu a Escola de Saúde La Salle Santa Casa, uma parceria entre a Unilasalle, uma das dez melhores universidades privadas do Brasil, e a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, complexo hospitalar que é referência brasileira pela qualidade e segurança no país.